quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

confidencial


O amar depende de uma só pessoa.
Hoje eu conversei com a sua fotografia
engraçado, eu estava a dois cliques de distância
mas resolvi, de uma forma diferente,
te dizer palavras de dentro do coração:
confidenciei ao universo que te amo...
zilhões de astros foram testemunhas
e um bom anjo recolheu essa sentença
com a incumbência de nos teus ouvidos soprar...
que os ventos amigos e as ondas de amor,
balancem os teus cabelos e acariciem a sua pele.
O amor depende de uma pessoa 'só'. Só.

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

undia


Um dia você será só lembrança, e algumas fotos no celular ou no notebook...
Um dia nossas conversas se resumirão a "ah, se lembra daquele dia no bar? eu me lembro dos papos, das risadas e da roupa que vestíamos"... ou "eu lembro bem de quando eu te vi de longe no metrô, naquela noite, me esperando na catraca, e fomos a pé pra casa, roubando beijos e abraços...
e também teve aquele dia que você me beijou na rua, passando para a minha boca aquela bala de melancia"...
Boas lembranças, sim, boas, pois as ruins o tempo se encarrega de apagar...
Um dia não teremos mais assunto, pois nossos caminhos nunca mais se cruzara... tudo ficara num passado que eu acho bom lembrar! E é disso que sobrevive o amor, de boas lembranças, pois quem ama mesmo não esquece... quem ama deixa partir... pois o que tinha pra viver, viveu, e o que tinha pra reter, no coração está, junto a peças do passado que preenchem parte do quebra-cabeça da história de cada um.

nunca mais conversamos


aquelas tardes em tua companhia
hoje são brasas vivas na minha memória
um dia hão de ser pó e cinza
mas ainda estão queimando na fogueira das horas

o tempo me consome e a saudade me sufoca

estou esfarelando e com um sopro virarei nada
estarei no chão, quem juntará novamente meus átomos?
serei varrido e recolhido num monturo de poeira
lançado num cesto junto com pormenores seus

aquelas tardes que se estendiam além da noite
na madrugada entre gemidos trocados,
as palavras cortavam o silêncio do meu quarto
e cada vocábulo beijava minha alma.

saudade dos códigos que se traduziam em desejos

sinto falta de parolar com você
sinto falta da pessoa que eu seria
se nossas conversas não tivessem somente sido
palavras vazias em noites fartas de solidão.

ternurinha

Na madrugada paulista, voltando pra casa,
subindo a ladeira aonde expio minhas memórias
buscando fôlego no respirar resfolegado,
no alto do morro, uma surpresa surge num anjo de quatro patas
Olho para trás e um par de olhos me persegue.
Ele mudou seu rumo, eu era sua direção, talvez sua esperança
Amei aquele cachorro, inventei nomes, criei situações
Na minha mente o chamei de Ternura
Ah, se eu pudesse teria sido seu dono! 
Se eu pudesse teria sido seu humano de estimação.

domingo, 24 de janeiro de 2016

raso razão

De qual lado romperá o fio que nos sustenta?
quem chorará?
Seremos fantasmas,
almas que habitam o mesmo mundo.
Sumiremos na litosfera deste plano
Nos tornaremos estranhos numa terra comum
quem desistiu primeiro?
quem lamentou o amor estrangulado
no cadafalso, fundo falso, raso?
Promessas proferidas em vozes metálicas
Mentiras escondidas em palavras esculpidas
Não enxergara o fundo dessas águas turvas
Mas a lâmina me mostrou quão rasa
Era essa superfície opaca...

coloquial do moderno amor


> A gente vive uma era rasa de pessoas fúteis e relacionamentos vaporosos.
> Estamos numa canoa furada.
> É difícil. Mas...
> Esse "mas" é uma metralhadora com balas de palavras que perfuram a alma.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Os Miseráveis, página 37

Ensinem o mais possível aos que nada sabem; a sociedade é culpada de não instruir gratuitamente e responderá pela escuridão que provoca. Uma alma na sombra da ignorância comete um pecado? A culpa não é de quem o faz, mas de quem provocou a sombra.

Victor Hugo - Os Miseráveis

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

pássaro

O azul profundo do oceano estampado no olhar de uma gaivota, em busca de um escolho para descansar... há rochas no meio do mar, há mar, amar...
O pássaro perdeu-se na terra, voa errante entre céu e mar, se atira nas vagas procurando o leito rochoso do mundo, se lança na atmosfera, na esperança de abarcar com os olhos toda a imensidão do ar...
O pássaro não tem paz, é livre mas não sabe o que fazer com sua liberdade, falta um propósito, um grande trabalho, falta sangrar, falta o ricocheteio das tormentas... falta um ninho, um revoar, falta o mar, amar.