domingo, 27 de março de 2016

noitadas

a vida é tão chata que as vezes queremos gastá-la toda de uma vez
sair para beber, conhecer gente, sentar na mesa do primeiro bar escuro
se afogar em quantas garrafas forem necessárias até que o álcool nos queime por inteiro
quem acenderá o fósforo, a raiva contiga, quem explodirá essa cabeça cheia de personagens vazios?
quem virá com a taça de veneno e nos verterá garganta abaixo?
há um momento na noite em que todos se recolhem e nas ruas os corpos em vigília vagam sem alma alguma
é nessa hora perigosa que um dia perderemos a batalha que travamos contra nós mesmos.
um dia alguém virá e dará cabo desses braços sempre abertos para agarrar o mundo
um dia alguém virá com a faca amolada para cortar a jugular e dar cabo de nossa esperança
um dia alguém virá e porá uma pedra redonda em nossa última alcova e não terá anjo velando a nossa sorte
são amigos aqueles que veem o seu coração e que sabem o quão ferido ele está, e vem com o bálsamo em vez de espada.

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