sexta-feira, 22 de abril de 2016

atrasado

no baile cósmico das horas, cheguei tarde demais, as luzes estavam sendo apagadas e não restara mais ninguém... a agulha riscava uma música inebriante e dancei sozinho... havia copos espalhados pelo salão, restos de uma noite líquida, bebi aquilo que não era meu, deitei numa taça tristeza e soidão... de quem seriam aquelas bodas? Errei de casa, errei de vida... nem apertei a campainha, entrei no fim de uma festa vazia com a alma cheia de esperança.
deixei meu relógio num canto qualquer da câmara fria... o criado-mudo nada disse para o meu olhar questionador... queria contabilizar as horas, marcar o tempo certo de entrar na sua vida.
essa sensação me vem a tona... a sensação de que sempre estou no lugar errado, na hora errada com a pessoa certa... a gente conversa, a gente tenta, a gente não acredita que pode não ser, mas já não é... você sempre será a pessoa ideal para ser 'o amigo', você sempre será a pessoa que gosta das mesmas coisas, ler os mesmos livros, admira os mesmos atores e atrizes, você sempre será aquela pessoa que 'parece ser um cara legal' ou aquela que é 'muito lindo'... 'ah, esses olhos'... ah, essas lágrimas... ah, essa cabeça atordoada... ah, essa dor na alma... ah, esse querer... isso é o que ninguém vê, e está ali o tempo todo, entre o azul e o verde das minhas meninas... entre o vítreo e a retina, misturados no éter do meu olhar.

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